terça-feira, 1 de abril de 2008

Algumas reflexões sobre Projetos

Na última terça-feira, dia 25/03, tivemos encontro do ESPEAD em que as discussões circularam em torno dos Projetos de Aprendizagem. Na ocasião, vários tutores colocaram suas experiências com relação a projetos, o que permitiu concluir que não se trata de uma tarefa fácil. Além disso, em muitas das falas dos colegas os relatos faziam referência a Projetos de Ensino e não de Aprendizagem. A partir dessa discussão, algumas questões me incomodaram sobremaneira e, por essa razão, sinto-me instigada a fazer algumas reflexões neste espaço. A primeira questão diz respeito ao aspecto determinado/não determinado relacionado ao trabalho pedagógico. A outra questão que me incomoda é a relação que se impõe como necessária entre prazer e aprendizagem. A fala dos colegas explicitou uma relação entre Projeto de Ensino/determinação e Projeto de Aprendizagem/não-determinação. Acho que, aqui, é preciso abrir um parêntese para explicar o que compreendo por determinação. Trata-se de certo direcionamento da aprendizagem, seja na seleção de conteúdos ou na própria metodologia de trabalho. Assim, compreendo que, embora no Projeto de Aprendizagem a seleção das ‘coisas a saber’ parta da curiosidade e dos questionamentos dos alunos, o trabalho é sempre orientado pelo professor, o que significa dizer que há aí direcionamento. Mesmo por que acredito que as ações do professor não podem ser tomadas como neutras e, mais ainda, não acredito que haja aprendizagem num processo marcado pela liberdade total e irrestrita. Portanto, a determinação não só existe como é necessária. Mas é inegável que ela se dá de modo diferente quando se trata de Projetos de Ensino e quando se trata de Projetos de Aprendizagem. Talvez possamos dizer que essa diferença consiste justamente na presença/ausência de liberdade, pois tanto projetos de Ensino quanto de Aprendizagem contemplam a determinação, mas somente este último abre espaço para a liberdade. E aqui entendo ‘liberdade’ como possibilidade de se libertar do aprisionamento conteudista e da massificação que ele provoca, ou seja, trata-se de abrir espaço para o diferente, para o múltiplo. Com relação à segunda questão que me propus refletir – relação prazer/aprendizagem – acredito que a motivação e o caráter lúdico das atividades realizadas na escola tornam as aprendizagens mais significativas, mais divertidas e isso é um aspecto fundamental no processo de aprendizagem. Por outro lado, há situações em que as aprendizagens não se dão desse modo; pelo contrário, são ‘sofridas’, provocam angústia e ansiedade (como exemplo disso podemos ler vários relatos das alunas do PEAD no portfólio de aprendizagens). E é nesse momento que o professor precisa intervir para que tais sentimentos levem à superação e não ao fracasso. Portanto, embora a relação prazer/aprendizagem seja fundamental, ela não é contínua em todo o processo (isso me lembra Piaget: assimilação-acomodação!). Para não me estender mais, finalizo minha reflexão concluindo que o ‘segredo’ de tudo está no equilíbrio e, principalmente, num processo que seja marcado pela dialética, ou seja, por um modo de conceber a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação.